segunda-feira, 2 de março de 2015

A Gata do Gabriel



Acordei atrasado no meu ap em São Conrado, puta cilada, se eu pudesse esperar pra ir amanhã o atendimento poderia ser feito na Rua Bartolomeu Mitre, mas como eu tenho um compromisso na Fátima vou ter que ir hoje mesmo, não posso mais adiar, cuidar da minha gatinha é prioridade. Onde será essa Rua do Carmo? No Centro meu Deus... Acho que nunca fui ao Centro.

Cheguei a sala lá estava ela, absorta no seu café da manhã, linda como sempre, seus olhos azuis de cigana a me fitar, a me julgar, a me decifrar. Olhou para a janela com um certo desdém, deixou a mostra a orelha esquerda, não há no mundo orelha mais perfeita. Esse ar independente e superior é o que me cativa. Que Rua do Carmo? Eu iria do outro lado do mundo por ela.

Onde vou estacionar? No Centro meu Deus, tinha que ser no Centro? Liguei para o meu parceiro Chiquinho da Fundição, ele me convenceu a deixar o carro lá e depois ir a pé que era pertinho. Minha gatinha ficou furiosa quando a apressei – estamos atrasados docinho, vamos – esbarrei no pires, foi leite pra todo lado, ela me olhou como quem diz – estupido – pensei em retrucar, mas aqueles olhos azuis não merecem repreensão. Homem apaixonado é otário demais.

Eu não devia ter confiado no Chiquinho. Saí da Fundição e em duas esquinas estava perdido na Lapa, vi uma viatura – amigo sabe onde é a Rua do Carmo? Ele nem ergueu os olhos – sei não senhor – Gente essa PM vai de mal a pior, como assim ele não conhece as ruas do Centro? É um absurdo! Olhei para o lado vinha dois caras se aproximando – Aí pessoal! Algum de vocês sabe onde é a Rua do Carmo? – um deles me olhou e respondeu – Você tá longe Gabriel, pega um táxi ou compra um GPS, porque o 175 não passa mais lá – engraçadinho fazendo piada com minha música. Percebi que o outro cara ia me explicar quando um gari interrompeu pra tirar uma foto, agradeci dizendo que ia mesmo pegar um táxi. 

Quanto acabei de tirar a foto lembrei-me da minha gatinha, que a esta altura do campeonato já estava enfurecida ao lado da viatura da PM. Ela não está acostumada com esse calor, conhecendo o seu temperamento não sei como ela ainda estava ali plantada me esperando. Que perigo! Peguei o primeiro táxi que surgiu – Rua do Carmo amigo! Até que chegamos rápido, bem a tempo da tosa. Por fim deu tudo certo, gatinha feliz, vida feliz. Mas cá entre nós, manter a beleza dessa gata é um trabalho estonteante.

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