Cês tão ligados naquelas manga rosa graúda? Aquelas quase do tamanho de um melão, com a casca bonita em tons de verde e rosa que só se acha em supermercado da Zona Sul? Pois é, alguém da logística do CEASA deu um mole e veio parar uma dessas aqui no subúrbio. Comprei né. Era tão pesada que quase tive que parcelar no cartão o hortifrut da semana.
Chegando em casa é aquela desgraça né, passa álcool em tudo lava o escambau, ninguém aguenta mais esse ano de 2020. Tô vendo a hora de ter que comprar um autoclave. Acho que cabe ao lado da máquina de lavar. Mas então. Arrumei aquela fruteira bonita, mal coloquei na sala, meu muléqeui:
- Papai qué manga.
- Claro meu filho.
Olhei para ele, olhei pra manga, cortei um terço dei pra ele. O muléqui comeu daquele jeito voraz que deixa qualquer pai orgulhoso.
- Papai qué mais manga.
- É o que?
- Mais manga papai.
E lá se vai o outro terço.
- Papai mais manga.
- Tá me zuando?
- Mais manga papai. Mais
O muléqui COMEU A MANGA TODA! – E daí? Me perguntaria você meu caro leitor. E daí que eu medi com uma fita métrica. Não cabe! Não cabe uma manga dessas de playboy da Zona Sul na barriga do meu garoto! NÃO CABE. Mas coube.
- Papai qué banana.
- Ah ou, para de olho grande.
- Banana papai, qué, qué, QUÉ Banana.
- Não
- Buaaaaaaa! Banana!
A mãe:
- Comeu aquela manga toda?
Eu:
- Sim
A mãe:
- Tá de pirraça. Dá um biscoito que ele esquece.
Lá vai um biscoito, dois, três... QUATRO.
- Papai qué banana!
- Vai passar mal.
- Banana papai, banana.
- Olha só, eu vou te dar, se não comer vai ficar ruim pra tu.
Abriu um sorriso. Comeu! CO-ME-UÔ!!! Sem o menor esforço.
Fiquei boladão né. Coloquei em observação. Passaram-se três horas. Já correu, já jogou bola, já brincou com o baby shark, já destruiu mais um carrinho, já leu um livro. E tá aqui agora pedindo janta.
- Senhores é oficial,
temos um buraco negro.
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