Um dos indicadores da maturidade de uma democracia é a qualidade dos
debates que ela fomenta. Neste quesito, os brasileiros estamos mal, muito mal,
mal de verdade, bota mal nisso. Se tomarmos como parâmetro os debates nas redes
sociais, aí malandragem , não há sete a um que baste, é vergonha homérica,
colossal, amazônica.
Tem dias que as timelines
parecem ter sido escritas pela corte que julgou Giordano Bruno. Como o
brasileiro argumenta mal! Como fundamenta mal as suas ideias! As toma como
coisa pessoal, posição imutável, clausula pétrea. Todavia não quero me ater ao
conteúdo dos debates, o que mais me incomoda é a pobreza da argumentação. Os
comentários carecem de embasamento, possuem lógica rudimentar – por vezes não
possuem lógica alguma - são ignóbeis e em muitos casos repletos de preconceito
e ódio. A capacidade de proferir veredictos sobre temas aos quais se desconhece
em absoluto ou se possui parcas informações é, no mínimo, falta de humildade.
Na realidade o que ocorre, na maioria dos casos, não é um sequer um debate.
É um confronto desesperado e violento de ideais que tentam sobreporem-se a todo
custo. Papo de surdo e mudo, um grita, o outro não ouve e grita mais alto. Aprendi
com o Professor Clovis de Barros Filho que a imposição ideológica é a antítese
da liberdade e da democracia.
E não é questão de falta de educação ou de conhecimento. Conheço
pessoas que colecionam títulos universitários e que, à luz de seu vasto conhecimento,
são capazes de produzir comentários absolutamente tacanhos, virulentos,
infecundos. Pessoas de bom coração, de vida honrosa, mas que na hora da resenha
parecem ter tomado a fórmula do Dr. Henry Jekyll.
E nossas discussões seguem pobres, rasas e improdutivas. É assim no
bar, nas empresas, nas escolas, no trânsito, na justiça, nas redes sociais, no Congresso
Nacional (ordem decrescente de assertividade). É preciso aprender a debater. E
para isso é imperativo aprender a ouvir. A gente está falando demais. E pior, falando
palavras enlatadas. Disseminamos teses que adquirimos, muito bem
industrializadas, na promoção de aniversário do supermercado. Afinal, preparar
o próprio jantar dá um trabalho medonho.
Urge a necessidade de conhecermos a nós mesmos e aos outros. Dialogar
com quem discordamos. Viver realidades alheias. Experimentar temperos novos.
Sentir novos odores. Mergulhar em culturas desconhecidas. Sentar a mesa,
brindar e conversar, famintos de mente e de coração. Não temer diante do novo,
contudo tentar entendê-lo, disseca-lo, digeri-lo, vivencia-lo. O brasileiro precisa encontrar o Brasil.
Caravelas ao mar, já é tempo, velas ao vento.
Para não me acusarem de moderninho, invocarei os ideais antropofágicos
do século passado. Há muito Thomas Hobbes sentenciou: o homem é o lobo do
homem, é tempo de ressignificar esta máxima. Penso que o homem deveria ser o
inventor do homem. Degustemo-nos. Nada é constante, exceto a mudança.
Verdade!!! Preparar o próprio jantar, é trabalhoso por demais... Melhor comprar congelado... É assim na cozinha, é assim na vida... rsrs... Cada vez melhor... Safra 1981 :)
ResponderExcluirVerdade!!! Preparar o próprio jantar, é trabalhoso por demais... Melhor comprar congelado... É assim na cozinha, é assim na vida... rsrs... Cada vez melhor... Safra 1981 :)
ResponderExcluirEstou virando gorgonzola
ResponderExcluirEstou virando gorgonzola
ResponderExcluirMais uma crônica sensacional. Adorei. Sou fã do blog. Realmente as discussões estão cheias de argumentos inconsistentes e o pior.... Argumentos falsos, posts fakes, fontes fakes. Nesse caso a coisa se complica....
ResponderExcluirMais uma crônica sensacional. Adorei. Sou fã do blog. Realmente as discussões estão cheias de argumentos inconsistentes e o pior.... Argumentos falsos, posts fakes, fontes fakes. Nesse caso a coisa se complica....
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