Eu a conheci na adolescência. A
gente começou um namorico despretensioso, coisa de escola. Aquele lance de se
afirmar, se exibir para os amigos e tal. Como disse outro dia o Cortella “o
adolescente é um sujeito grávido de si mesmo”.
Tivemos muitos encontros, é claro
que nada sério, eu era ainda um cara muito jovem. Todavia nossos encontros
eram intensos e de certa forma, afoitos. Ser precoce na juventude é o ônus de
todos aqueles hormônios. Eu curtia e tal, mas logo ia beber de outras fontes. A
maioria delas nada confiáveis.
Lembro-me bem daquele dia em São
Paulo. Tinha que ser em São Paulo, nada mais urbano, talvez Curitiba. Ambiente
cinza, garoa fina, estampa de poá, vento cortando fino pela tangente. Ela revelou-se
misteriosa, enigmática, dissimulada. Não era a primeira vez, mas foi como se
fosse.
Tive então a experiência mais
arrebatadora da minha vida. Ela muito mais madura, evoluída, experimentada.
Estava interessada em mim há muito tempo. Modéstia a parte, o Lapinha aqui tem
seus encantos. Mas só quando deixei as coisas de menino comecei a entender os
sinais.
Ela me virou do avesso, refundou
os meus conceitos. Enlouqueceu-me primeiro, para me resgatar no momento
seguinte. Mudou meu senso estético, ético, político, filosófico. Bagunçou os meus pontos cardiais e deu-me novas
referencias. Enfim reinventou a minha vida.
E eis me aqui, incompleto, desconfiado,
inacabado e apaixonado. Tudo graças a ela. A arte desfaz de mim o que eu sou.
Porra...esse foi profundo!!!!
ResponderExcluirMuito bom!!!!
Valeu Lec!
ResponderExcluirValeu Lec!
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